Quando me disseram que iria trabalhar numa favela imaginei uma como as muitas que vi no Brasil até que pesquisei e verifiquei a Kibera é nada mais nada menos que a maior favela do mundo.
Num espaço reduzido conseguem viver mais de 2,5 milhões de pessoas, que corresponde a um quarto da população de Nairobi, a capital do Quénia.
Não há qualquer espécie de saneamento básico, não há água, não há electricidade, não há lugar para colocar o lixo, não há casas de banho. Há sim uma quantidade indescritível de crianças, sendo que muitas delas vivem na rua, a maior parte da população está infectada com HIV,existem imensos órfãos e um cheiro nauseabundo permanente.
As paredes das casas são feitas de terra e barro, o chão é de terra e o telhado de lata e a probabilidade de encontrar a Kibera localizada num mapa é muito reduzida. As suas ruas são labirinticas e escorregadias e quando chove são transformadas em rios, que arrastam tudo à sua passagem.
Às vezes penso que este lugar não pertence a lugar nenhum, nem a Nairobi, nem ao Quénia, nem a África, nem a nenhum outro lugar do mundo. Parece um lugar que foi esquecido ou que simplesmente ninguém soube da sua existência.
A Kibera é uma favela que surgiu em cima de uma lixeira. Ou será uma lixeira que surgiu em cima de uma favela?
From Kenya Avec Love
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
sábado, 17 de novembro de 2012
Há quem diga que fugi para o Quénia
Em um mês mudei totalmente a minha vida...a ideia de fazer voluntariado internacional sempre esteve presente. Em África, na América do Sul, na Ásia, eu queria era tornar o mundo um bocadinho melhor num lugar longe da minha zona de conforto. Queria deparar-me com situações que pensei que na realidade não existissem e queria verificar que no nosso pequeno mundo existem pessoas que vivem em condições sub humanas.
E assim foi, congelei a matrícula na universidade, terminei o estágio, cancelei o contrato da casa, juntei mais uns trocos e decidi partir para algum lugar do mundo.
Comecei por escolher um continente, vou fechar os olhos à América do Sul e vou experimentar África. Numa grande indecisão entre a Etiópia, o Gana, os Camarões, lá escolhi o Quénia. Era onde estava o projecto mais interessante, contacto directo com crianças todos os dias numa favela. Pouco mais sabia quando parti, para este país totalmente desconhecido e novo para mim. Não vi muitos vídeos sobre o local onde iria trabalhar e não obtive muitas informações, apenas as suficientes para saber que iria precisar de umas galoxas e que tinha de levar tudo o que pudesse para estas crianças.
Mas o que importa é que larguei tudo e parti!
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